sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Os outros e ela.

Era fim de tarde quando ela passava por aquelas esquinas. Muitos corpos cansados, envergados, tentando carregar suas almas num sorriso. Ela sentiu pena. Eles sorriam sem parecer sentir. Ficou pensando na angústia deles, e mal se lembrava da própria. Em cada rosto idealizava uma vida. E sempre seu coração mergulhado em piedade. Achava que eles não sabiam o que era a felicidade. Queria tocar em cada corpo, num abraço. E com cada alma estabelecer um laço. Mas não foi capaz de se aproximar. Sentiu pena. Mais algumas horas e pensava em si mesma. Em casa, sozinha, dispensou a distração e olhou para si. Lembrava-se de todos os outros e os encontrou no espelho. Sentia seus passos, seus corpos, seus sorrisos, suas almas. SENTIA. Mas ela mesma, quem diria, não conseguia sorrir. Sentiu pena.

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